quinta-feira, 3 de maio de 2012

Argumento Teleológico – William Lane Craig

Chegamos agora ao argumento teleológico, ou o argumento para o design. Embora os defensores do chamado movimento Design Inteligente têm continuado a tradição de focar em exemplos de design em sistemas biológicos, o ponto de corte da discussão contemporânea se concentra no extraordinário ajuste fino do cosmo para a existência de vida.

Antes de discutirmos este argumento, é importante entender que por “finamente ajustado”, ninguém não está querendo dizer “projetado” (do contrário o argumento seria obviamente circular).  Na verdade, durante os últimos cinquenta anos os cientistas têm descoberto que a existência de vida inteligente depende de um equilíbrio complexo e delicado das condições iniciais simplesmente dadas no próprio Big Bang. Este equilíbrio é conhecido como “ajuste fino” do universo.

O ajuste fino é de dois tipos. Primeiro, quando as leis da natureza são expressas como equações matemáticas você encontrará nelas certas constantes, como a constante que representa a força da gravidade. Estas constantes não são determinadas pelas leis da natureza. As leis da natureza são consistentes com uma ampla gama de valores para estas constantes. Segundo, em adição a estas constantes, existem certas quantidades arbitrárias colocadas como condições iniciais sobre as quais as leis da natureza operam, por exemplo, a quantidade de entropia ou o equilíbrio entre matéria e antimatéria no universo. Agora, todas estas constantes e quantidades arbitrárias se encaixam em uma extraordinária faixa estreita de valores que permitem a existência de vida. Se estas constantes ou quantidades fossem alteradas em menos do que a largura de um fio de cabelo, o equilíbrio que permite a existência de vida seria destruído e nenhum organismo de qualquer espécie poderia existir. [1]

Por exemplo, uma mudança no vigor da força atômica de uma parte em 10100 teria impedido a existência de vida no universo. A constante cosmológica que conduz a inflação do universo e que é responsável pela recente descoberta aceleração da expansão do universo é inexplicavelmente ajustada para cerca de uma parte em 10120. Roger Penrose da Universidade de Oxford calculou que as excentricidades da condição de baixa entropia do Big Bang serem por mero acaso são da ordem de uma parte em 1010(123). Penrose comenta, “Eu não consigo me lembrar de qualquer outra coisa na física cuja exatidão se aproxime, mesmo que remotamente, de uma parte em 1010(123) ”[2]. E não se trata de apenas uma constante ou quantidade arbitrária ser requintadamente ajustada para dado valor; as relações das constantes e quantidades umas com as outras precisam de igual modo ser finamente ajustadas. Assim, improbabilidade é multiplicada por improbabilidade até que nossas mentes se percam em números tão incompreensíveis.

Assim, quando os cientistas dizem que o universo é “finamente ajustado” para a existência de vida, eles não querem dizer que ele foi “projetado”; eles querem dizer que pequenos desvios dos valores reais das constantes e quantidades arbitrárias da natureza proibiriam o universo de abrigar vida ou, alternativamente, que a série de valores que permitem vida ao universo é incompreensívelmente estreita em comparação com a quantidade de valores que poderiam ser assumidos. O próprio Dawkins, citando o trabalho do astrônomo real Sir Martin Rees, reconhece que o universo exibe este extraordinário ajuste fino.

Então, aqui está uma formulação simples do argumento teleológico baseado no ajuste fino do universo:
1. O ajuste fino do universo se deve a necessidade física, acaso ou design.
2. Não se deve a necessidade física ou acaso.
3. Logo, o ajuste se deve a design.

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