Chegamos agora ao argumento teleológico,
ou o argumento para o design. Embora os defensores do chamado movimento
Design Inteligente têm continuado a tradição de focar em exemplos de
design em sistemas biológicos, o ponto de corte da discussão
contemporânea se concentra no extraordinário ajuste fino do cosmo para a
existência de vida.
Antes de discutirmos este argumento, é
importante entender que por “finamente ajustado”, ninguém não está
querendo dizer “projetado” (do contrário o argumento seria obviamente
circular). Na verdade, durante os últimos cinquenta anos os cientistas
têm descoberto que a existência de vida inteligente depende de um
equilíbrio complexo e delicado das condições iniciais simplesmente dadas
no próprio Big Bang. Este equilíbrio é conhecido como “ajuste fino” do
universo.
O ajuste fino é de dois tipos. Primeiro,
quando as leis da natureza são expressas como equações matemáticas você
encontrará nelas certas constantes, como a constante que representa a
força da gravidade. Estas constantes não são determinadas pelas leis da
natureza. As leis da natureza são consistentes com uma ampla gama de
valores para estas constantes. Segundo, em adição a estas constantes,
existem certas quantidades arbitrárias colocadas como condições iniciais
sobre as quais as leis da natureza operam, por exemplo, a quantidade de
entropia ou o equilíbrio entre matéria e antimatéria no universo.
Agora, todas estas constantes e quantidades arbitrárias se encaixam em
uma extraordinária faixa estreita de valores que permitem a existência
de vida. Se estas constantes ou quantidades fossem alteradas em menos do
que a largura de um fio de cabelo, o equilíbrio que permite a
existência de vida seria destruído e nenhum organismo de qualquer
espécie poderia existir. [1]
Por exemplo, uma mudança no vigor da força atômica de uma parte em 10100
teria impedido a existência de vida no universo. A constante
cosmológica que conduz a inflação do universo e que é responsável pela
recente descoberta aceleração da expansão do universo é
inexplicavelmente ajustada para cerca de uma parte em 10120.
Roger Penrose da Universidade de Oxford calculou que as excentricidades
da condição de baixa entropia do Big Bang serem por mero acaso são da
ordem de uma parte em 1010(123). Penrose comenta, “Eu não
consigo me lembrar de qualquer outra coisa na física cuja exatidão se
aproxime, mesmo que remotamente, de uma parte em 1010(123) ”[2].
E não se trata de apenas uma constante ou quantidade arbitrária ser
requintadamente ajustada para dado valor; as relações das constantes e
quantidades umas com as outras precisam de igual modo ser finamente
ajustadas. Assim, improbabilidade é multiplicada por improbabilidade até
que nossas mentes se percam em números tão incompreensíveis.
Assim, quando os cientistas dizem que o
universo é “finamente ajustado” para a existência de vida, eles não
querem dizer que ele foi “projetado”; eles querem dizer que pequenos
desvios dos valores reais das constantes e quantidades arbitrárias da
natureza proibiriam o universo de abrigar vida ou, alternativamente, que
a série de valores que permitem vida ao universo é incompreensívelmente
estreita em comparação com a quantidade de valores que poderiam ser
assumidos. O próprio Dawkins, citando o trabalho do astrônomo real Sir
Martin Rees, reconhece que o universo exibe este extraordinário ajuste
fino.
Então, aqui está uma formulação simples do argumento teleológico baseado no ajuste fino do universo:
1. O ajuste fino do universo se deve a necessidade física, acaso ou design.
2. Não se deve a necessidade física ou acaso.
3. Logo, o ajuste se deve a design.
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