quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Suetônio e a historicidade de Cristo

Por Marcelo Berti

Gaio Suetônio Tranquilo foi um historiador romano que também deve ser lembrado na pesquisa sobre a historicidade de Cristo. Gary Habermas em seu livroThe Historical Jesus, afirma que “pouco se sabe sobre ele, exceto que ele era o secretário chefe do Imperador Adriano (117-138 dC) e que tinha acesso aos registros imperiais” (HABERMAS, Gary, Historical Jesus,College Press, 1996; pp.190).


Um dado interessante sobre Suetônio é que ele desenvolveu uma amizade com Plínio o Jovem, que o descreve como um homem “quieto e estudioso, um homem dedicado a seus estudos”. Provavelmente em função desse relacionamento, que Suetônio recebeu favor de Trajano, de quem recebeu uma propriedade na Itália, e de Adriano, a quem serviu como secretário chefe.

Suetônio ocupa um lugar importante na história dos historiadores em função de suas biografias sobre doze Imperadores Romanos, de Júlio César a Domiciano, obra denominada De Vita Caesarum, escrito provavelmente durante o período de Adriano. Nessa mesma obra encontramos ao menos duas citações que nos interessam:
“Como os judeus, por instigação de Chrestus, estivessem constantemente provocando distúrbios, ele [Claudio] os expulsou de Roma” – (MACDOWELL, Josh, Evidências que exigem um veredito, Cadeia, 1992, pp.106)

Nessa citação encontramos a expressão “Chrestus”, o que MacDowell notifica como uma “outra forma de escrever Christus”, a versão latina do nome grego para Cristo, do mesmo modo que quase todos os comentaristas dessa expressão (cf. Habermas, Voorst, Geisler). Essa explicação é provavelmente proveniente do trabalho de Paulus Osorius em History against pagans 7.6, que apresenta uma variante textual para o mesmo trecho, substituindo o termo “Chrestus” por “Christus”. Entretanto, Voorst nos lembra que a leitura mais difícil, que nesse caso é aquela primeiramente apresentada, é provavelmente a verdadeira (VOORST, Robert E. Jesus outside the New Testament: An introduction to the ancient evidence. Eedermnans, 2000, pp.30).

A autenticidade da citação é plausível, se realmente faz referência a Cristo, em função de dois detalhes importantes: (1) Dificilmente um cristão não colocaria Cristo em Roma por volta do ano 49; e (2) certamente não ousaria chama-lo de causador de distúrbios. Também é importante notar que a fonte de Suetônio não é um cristão, pois seria difícil pensar que um cristão soletrasse equivocadamente o nome do seu Salvador.

Entretanto, a pergunta é mais importante é: Suetônio realmente fala de Cristo? A pergunta nasce no reconhecimento que o nome usado por Suetônio também era conhecido como um nome greco-romano, além do fato que parece estranho que Cristo estivesse em Roma, por volta do ano 49 dC. Entretanto, a maioria dos historicistas parece concordar que nessa citação encontra-se uma referência a Cristo, como o próprio ateu Andrew Norman Wilson atestou: “Apenas o mais perversos dos acadêmicos duvidaria que Chrestus é Cristo” (WILSON, A.N, Paul: The mind of the Apostle, Norton, 1997, pp.104; IN: VOORST, Robert E. Jesus outside the New Testament: An introduction to the ancient evidence. Eedermnans, 2000, pp.32). Contudo, essa convicção de Wilson tem fundamento? Acreditamos que sim.

>> Continue a leitura em Teologando

Nenhum comentário:

Postar um comentário