quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Como viver na presença de Deus?

Por Marcelo Berti

Eu gostaria de deixar três sugestões para que possamos estar neste mundo como representantes de Deus, sem nos associarmos à desgraça e à destruição que há nele, e sem participarmos da hostilidade que este mundo tem contra Deus.

1ª. Sugestão: Devemos aprender a experimentar solitude com Deus

O mundo em que vivemos é um mundo rápido e agitado. Se você tem tido chance, durante a semana, de pensar em fazer um devocional, talvez seu tempo seja tão escasso que o devocional fica para o fim do dia, quando você já está cansado e cheio de “coisas” na cabeça, sem condições para um tempo digno com Deus.
Esse mundo consome a nossa energia e a nossa disposição de estar diante de Deus. Se nós não aprendermos a gastar um tempo a sós com Deus, estaremos investindo em nosso fracasso espiritual. Talvez a sua vida seja um “tufão”, um “tornado” ou uma “tormenta”. Talvez você já não tenha mais tempo para nada, mas nós precisamos aprender a gastar tempo com Deus.

Charles Swindoll disse uma frase que me marcou muito nesses últimos dias em um livreto chamado “Intimidade com Deus”, que eu recomendo: “A transformação da alma acontece quando a serenidade toma o lugar da ansiedade”. Eu não sei qual é o melhor horário do seu dia para você desenvolver um tempo de intimidade com Deus. Para mim tem sido pela manhã, quando eu tenho todo o meu foco centrado em Deus, quando a mente ainda não está tão preocupada, quando a minha energia ainda está lá e eu posso descansar em Deus enquanto invisto em um tempo com Ele.

Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra (Salmo 46.10). Caia fora da agitação, pois Deus é mais alto do que os povos, mais alto do que a Terra, mais alto que o seu trabalho, mais alto que todas as suas dificuldades. O mais importante: se acalme, fique tranqüilo e reconheça que esse é o Deus que cuida da sua vida.

Tenha um tempo com Deus, quieto. Descanse no Senhor e aguarde por Ele com paciência; não se aborreça com o sucesso dos outros, nem com aqueles que maquinam o mal (Salmo 37.7). Não perca tempo da sua vida triste e chateado porque aquele “incompetente” do seu trabalho foi promovido e você não. Você pode ter sido deixado de lado por causa disso, mas descanse e aguarde por Ele! Não fique chateado, perdendo o seu tempo, porque pessoas de má índole ou mau caráter têm sido melhores do que você. Nós somos representantes desse Deus e devemos viver de modo digno. Devemos aprender a descansar nEle, porque Ele cuida de nós.

Podemos deixar a ansiedade de lado e desfrutar de tempo a sós com Deus. Nós não somos, nem um pouquinho, melhores que Cristo, eu tenho certeza disso, mas Ele mesmo tinha essa prática (Mc 1.35): De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa, foi para um lugar deserto e ficou orando. Se Jesus Cristo era quem era, Ele poderia dizer: “Eu e o Pai somos um, nós temos relacionamento, nós estamos em conexão”. Se Ele era quem era e fazia isso, porque nós achamos que não precisamos? Porque nós achamos que qualquer outra coisa é mais importante do que o tempo com Deus? Se deixamos de dedicar parte do nosso tempo diário para estarmos em intimidade com Deus, corremos o risco de fracassarmos espiritualmente, de mantermos a nossa mediocridade espiritual. Você pode até ter um bom comportamento, mas não tem relacionamento com Deus.

Falando sobre vida agitada, um grande amigo deu um conselho, que eu gostei tanto, para uma pessoa que estava ao meu lado, que quero registrá-lo aqui: “Se não aprendemos a dizer não a coisas boas, vamos deixar de desfrutar de coisas excelentes!”. Tem muita coisa boa acontecendo perto de nós. Se somos seduzidos é porque gostamos e se não aprendemos a dizer “não” para alguma dessas coisas, vamos acabar sem tempo para dedicar a Deus. Por isso, enquanto estamos neste mundo, não podemos deixar de viver um relacionamento com Deus, de intimidade com Ele. Por isso, devemos aprender a separar do nosso tempo para estar diante dEle em oração, em leitura das Escrituras, em leitura de algum material que nos leve à devoção a Deus.

2ª. Sugestão: Devemos aprender a depender do Espírito Santo

Isso é uma coisa bem difícil de explicar como se faz! Em um livro muito interessante, de um autor chamado Neil Anderson, encontrei a seguinte ilustração. Ele conta a história de um piloto que tinha saído para fazer um de seus primeiros vôos, quando se formou uma grande tempestade e ele perdeu completamente a visibilidade. Ele se lembrou, então, das aulas que tinha feito e dos instrumentos que tinha à sua frente, que poderia utilizar para chegar em segurança ao aeroporto mais próximo, porque talvez não desse para voar por muito mais tempo. Mas, além do manual e dos instrumentos que tinha, ele precisou fazer contato com a torre mais próxima. Ao fazer contato com a torre, ele se identificou, dizendo que era um piloto novato e que precisava de ajuda para aterrissar em segurança. A torre respondeu para ele ficar tranqüilo que iriam guiá-lo em segurança até o local de destino.

O autor conta que depender de outra pessoa é mais ou menos isso: enquanto estamos em uma vida de turbulência, enquanto estamos no meio da tempestade, enquanto estamos no meio da agitação da nossa vida nesse mundo, nós também temos os nossos instrumentos, nós também temos as nossas instruções. Mas, não precisamos fazer tudo isso sozinhos. Podemos confiar que Deus pode nos ajudar a passar por tudo isso. Nós precisamos aprender a depender do Espírito de Deus, porque Ele pode nos ajudar.

Veja o que as Escrituras nos dizem: Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda verdade (Jo 16.13). Ele pode nos guiar naquilo que é certo, naquilo que é verdadeiro e pode nos guiar para mais próximo de Jesus Cristo. Quando Deus fez a promessa do Espírito Santo, Ele disse: Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis (Ez 36.27). Isso significa viver na dependência do Espírito Santo, no cultivo de proximidade com o Espírito Santo. Nós podemos ser conduzidos por Deus a andar de acordo com os decretos dEle, andar de acordo com Sua vontade, de modo fiel e obediente, pois temos que aprender a depender dEle. Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão, mas se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão (Rm 8.13). Pelo Espírito, aprendemos a modificar os nossos desejos. A idéia de ser cheio do Espírito Santo significa também uma busca de esvaziar os nossos próprios desejos, de deixarmos de lado a nossa carne, porque eles estão em guerra.

Nós devemos fazer isso e aprender a viver pelo Espírito, porque assim de modo nenhum vamos satisfazer os desejos da carne. Se vivermos pelo Espírito, vamos poder desfrutar daquilo que o Espírito pode promover em nossa vida: amor, alegria, paz, tudo isso! Nós precisamos aprender a desenvolver intimidade com Deus na dependência do Espírito Santo.

3ª. Sugestão: Devemos aprender a renunciar aos nossos desejos

Se eu dependo do Espírito Santo, Ele não faz isso por mim? Sem dúvida, mas isso não isenta você de ser responsável pelas coisas que diz, nem de ser diligente naquilo que faz. É uma boa obra a “quatro mãos”. Uma música a quatro mãos é bem tocada quando as duas pessoas estão em sintonia. Se não estivermos em sintonia, estaremos tocando uma música completamente diferente daquela que é esperada.
C. S. Lewis escreveu um livro muito interessante chamado “Cartas do Inferno”. A idéia do livro é que um diabo mais experiente iria ensinar um diabo mais novo como trabalhar na vida de pessoas cristãs e não-cristãs.

Nessas cartas, ele deixa algumas sugestões. Vou citar uma delas, em que o diabo mais velho fala sobre o fato de que uma das pessoas que sofriam a sua atuação havia se convertido: “Não é necessário cairmos em desespero: contam-se às centenas esses convertidos em idade adulta que foram reconquistados depois de uma breve estadia nos arraiais do inimigo [entenda-se Deus] e agora se encontram conosco. Todos os hábitos da vítima, tanto os mentais quanto os fisiológicos ainda estão a nosso favor”.

Você sabe: deixados à vontade, os nossos desejos nos levam para longe de Deus. Devemos cultivar tempo com Ele e depender do Espírito Santo, mas também devemos aprender a mudar. Precisamos aprender a dizer “não” para nós mesmos; precisamos aprender a fazer morrer o que pertence à nossa natureza terrena e mundana. Precisamos ser diligentes, responsáveis e determinados. Talvez essa determinação aconteça na sua vida enquanto você esteja determinado a buscar a Deus, mas você também vai ter que determinar a dizer “não” aos maus pensamentos que invadem a sua mente, às oportunidades de pecado que aparecem diariamente em sua vida. Você vai ter que aprender a confiar no Senhor e não no seu próprio entendimento. A verdade é que a vida nesse mundo é complicada, dura, difícil, mas também é atraente e destrutiva. Temos que aprender a viver na presença de Deus todos os dias da nossa vida, em todas as oportunidades que tivermos, porque foi para isso que fomos resgatados e é assim que a eternidade será: todo o tempo com Deus.

Fonte: Teologando

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