quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Duas dicas sábias para alunos inteligentes

Por T. Zambelli

Minha maior motivação em escrever este artigo é poder ajudar os alunos inteligentes a serem também alunos sábios. Talvez nem todos, à priori, percebem que existe uma diferença entre sabedoria e inteligência.

Enquanto inteligência é a capacidade de lidar com diferentes níveis de problemas, sabedoria é a habilidade para lidar de forma prática as dificuldades reais do cotidiano. Enquanto uma pessoa inteligente enxerga a solução de um problema matemático/lógico, a pessoa sábia prevê situações baseada em seu conhecimento e suas experiências do dia a dia. Enquanto uma pessoa inteligente é dotada de informações históricas sobre um dado assunto, a pessoa sábia aplica a história no presente e planeja o futuro. Enquanto o inteligente garante boas notas na escola, o sábio administra seu tempo de estudo e lazer com objetivos que vão além de um boletim escolar.

Enfim, inteligência e sabedoria não são a mesma coisa, no entanto, é fato que ambas se comunicam e permutam significados. 



Ao observar a Palavra de Deus, quais são os exemplos de pessoas inteligentes que você se recorda?

Apolo é alguém que rapidamente me vem à mente. Acredito que ele é um exemplo indubitável de pessoa inteligente, veja:

Enquanto isso, um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, chegou a Éfeso. Ele era homem culto e tinha grande conhecimento das Escrituras. Fora instruído no caminho do Senhor e com grande fervor falava e ensinava com exatidão acerca de Jesus, embora conhecesse apenas o batismo de João (Atos 18.24-25).

O texto informa algumas características sobre Apolo:
  • Era judeu, apesar de seu nome ser referência a um deus grego. Os judeus prezavam por uma boa educação.
  • Natural de Alexandria, que era uma cidade egípcia, fundada por Alexandre, o grande, e construída por Dinócrates, o mesmo arquiteto do templo de Diana. O texto do AT em grego, a versão dos setenta (LXX), foi produzido em Alexandria. Apolo possivelmente usufruiu do potencial educativo de Alexandria, um ambiente favorável à boa educação.
  • Era um homem culto e tinha grande conhecimento das Escrituras. Devemos entender que Escrituras significava o Antigo Testamento. O texto bíblico afirma que ele era culto (ou eloquente - logios) e poderoso (dunatos) nas Escrituras. Em outras palavras, tinha muita habilidade com o Antigo Testamento (um conhecimento profundo – NTLH).
  • Instruído no caminho do Senhor. Apolo havia sido catequizado (literalmente) no caminho do Senhor, possivelmente por um mestre ou seus pais. Seu aprendizado ocorreu de acordo com as Escrituras.
  • Ele falava e ensinava com grande fervor – isso é uma expressão para dizer que ele falava e ensinava com entusiasmo. Veja Rm 12.11: Nunca lhes falte o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor.
  • (Falava e ensinava) com exatidão (akribos) – exatamente, acuradamente e diligentemente são sinônimos para esta palavra. A NTLH diz: seu ensinamento a respeito de Jesus era correto.

Todas essas são características que apontam para alguém privilegiado, de boa inteligência. No entanto, Apolo tinho um conhecimento limitado sobre a vida e obra de Jesus. Lucas registrou que embora ele falasse e ensinasse com exatidão sobre o Messias, ele somente conhecia o batismo de João (18.25). Isso não comprometia a inteligência de Apolo, mas seguramente ele precisava ser exposto ao problema, à deficiência de não ter toda a informação que precisava para ensinar seu público com mais exatidão.

Foi por reconhecer esta limitação que Priscila é Áquila, irmãos na fé, convidaram o inteligente Apolo para sua casa. Lá eles lhe explicaram com mais detalhes, com mais exatidão ainda acerca daquele que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6), o Salvador Jesus (Atos 18.26).

As dicas sábias

Alunos inteligentes têm boa memória e uma grande facilidade para aprender. Geralmente eles possuem vasto conhecimento em diversas faculdades intelectuais. Por essa razão também, algumas vezes esses alunos percebem com facilidade as falhas de seus professores - sabemos que eles são passíveis de erros. Algumas vezes o professor tem alguma informação equivocada sobre um assunto; outras vezes o professor ensina somente uma perspectiva sobre o tema, quando seria importante falar das outras. Às vezes o aluno inteligente percebe que o professor não preparou adequadamente a aula e às vezes, a prufundidade abordada pelo professor é insuficiente para este tipo de aluno. São várias as razões que podem tornar o professor repreensível para o aluno inteligente.

Mesmo sendo o professor sujeito a legítima repreensão, existe uma forma adequada para se fazer. Infelizmente, ainda mais num tempo que o respeito pelo professor é ainda menor, vários destes inteligentes alunos tornam-se inadequados na forma de repreendê-los. Eles desembainham suas afiadas línguas e atacam com aspereza e diversas vezes arrogância a fragilidade do professor. Mesmo que por vezes suas motivações estejam corretas, a forma (o como) e o tempo (o quando) que decidem fazê-lo é inapropriado e revelam uma atitude desaprovada por Deus e/ou sem a sabedoria divina.

O texto bíblico mostra que Apolo logo começou a falar corajosamente na sinagoga (18.26). Ao ouvi-lo, Priscila e Áquila logo reconheceram a falha no ensino de Apolo: ele somente conhecia o batismo de João. Eles estavam dispostos e disponíveis para preencher a lacuna no conhecimento de Apolo sobre a vida e obra de Jesus Cristo. Assim, como diz o texto inspirado, Priscila e Áquila convidaram-no para ir à sua casa e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus (18.26 - grifo meu).

Este nobre casal do primeiro século foi muito sábio em, ao ouvir a mensagem de Apolo, não atrapalhá-lo ou admoestá-lo enquanto se pronunciava. Ao invés disso, chamaram-lhe à parte para mostrar que aquilo que ele já sabia com exatidão podia ser ampliado, aperfeiçoado em quantidade. Apolo pôde, depois de escutar a Priscila e Áquila, proclamar sobre Cristo com mais exatidão ainda. Lucas deixou claro, no final do capítulo, que ele refutava vigorosamente os judeus em debate público, provando pelas Escrituras que Jesus é o Cristo (18.28 - grifo meu).

Dica 1
É verdade que o texto não diz que Apolo foi repreendido, que reconheceu seu erro e por isso, calou-se e aprendou o que deveria. Apolo não precisava de repreensão. Este é um dos problemas que causam os alunos inteligentes: eles julgam que o professor precisa ser admoestado para fazer melhor a sua parte, quando, na verdade, os professores precisam ser incentivados a (por exemplo) pesquisar melhor, compartilhar uma fonte mais confiável ou ensinar com uma didática mais compreensível. Pessoas sábias usam bem as palavras para inspirar pessoas a se desenvolverem.

Dica 2
Seguramente a sinagoga não era o local apropriado para ensinar Apolo. Tampouco era o momento adequado. Priscila e Áquila tiveram a sabedoria de falar com ele num lugar e tempo oportunos.

Talvez o lugar e o momento para o seu caso não sejam a sua casa. Talvez, para você, seja o intervalo das aulas no corredor da escola. Talvez, ainda, seja ao lado da sala dos professores ou no pátio do estacionamento. Não há necessidade de embarassar o professor com questões ou comentários na frente de outras pessoas. Além disso ser falta de sabedoria, pode ser entendido (se de fato não for) como falta de respeito.

Conclusão
Caros alunos inteligentes, sejam sábios. Avaliem suas motivações e atitudes em classe. Use sua inteligência para incentivar o professor e os alunos ao seu redor. Antes de apontar o suposto erro  do professor, converse com ele sobre suas percepções a respeito da aula e do conteúdo. Se necessário e possível, convide-o para um café da manhã para dialogarem sobre o assunto. Lembre-se, ações sábias são também reflexo de sua comunhão com Deus. A inteligência que Ele lhe deu também deve ser instrumento para glorificá-lO. Use sua inteligência com sabedoria!

Que Ele cresça e eu dimuinua, essa é minha oração.



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