sexta-feira, 1 de abril de 2011

A fundamental importância da presença dos pais na primeira infância

É meu sonho que este artigo chegue a cada pai e mãe que fala português ou inglês, sejam eles cristãos ou não, para que nunca se esqueçam do dever que tem para com seus filhos e a importância que é estar ao lado deles especialmente na primeira infância. Eis o alerta: cuide de seu filho! 


Por James Dobson, Ph.D.

Queridos amigos,

saudações de todos nós de Focus on the Family. Espero que vocês estejam curtindo estes últimos dias de verão antes das várias responsabilidades que a primavera nos traz. Nosso ministério vai bem, embora, sendo bem honesto, nós poderíamos fazer um bom uso de uma pequena ajuda financeira. Se você pode providenciar esta assistência, nós seguramente ficaríamos contentes com este empurrãozinho. Jim Daly, nosso presidente e CEO junto de todo time ministerial ficariam aliviados em ter este apoio.

Mas sobre o assunto desta carta... Você sabe que de todos os assuntos que me interessa, criança é o assunto que está no topo da lista. Eu devotei grande parte de minha vida profissional ao bem-estar delas, primeiramente como um jovem professor, em 1960, depois como um psicólogo escolar e administrador, depois como pesquisador e professor em um grande hospital para crianças e desde 1977, em meu papel em Focus on the Family. A maior parte de meus livros é sobre crianças. Obviamente, eu amo crianças! Amo tudo sobre elas, e este é o porquê de eu ter feito meu doutorado sobre o desenvolvimento da criança na University of Southern California. Foi uma corrida recompensadora.

Eu digo isso para expressar minha preocupação constante à esta geração de crianças, especialmente durante os primeiros anos da infância. Muito depende de suas relações com suas mães e pais, que é uma questão que eu discuto com sagacidade em meu livro, Bringing up Boys. Eu desejo que cada pai, cada avô e cada professor esteja ciente do estudo que eu compartilho no capítulo “Mães e Filhos,” porque sérios equívocos estão acontecendo, equívocos que possuem implicações para toda a vida das crianças, tanto de meninos quanto de meninas.

Com isso em mente, deixe-me compartilhar uma parte de minha obra que foca mães e o vital papel que elas exercem. Se você não tem mais crianças, talvez possa passar esta carta adiante para alguém que tenha. Isso pode fazer uma diferença enorme na preciosa vida de um menino ou menina.


Eu tenho o mais alto respeito e admiração por aquelas que são abençoadas em serem chamadas mães. Há algumas designações na experiência humana que exige uma série de habilidades e sabedoria necessárias por uma mãe para cumprir suas funções cotidianas. Ela deve ser uma psicóloga residente, médica, teóloga, educadora, enfermeira, cozinheira, motorista de táxi, bombeira e agente de polícia em algumas ocasiões. E se ela se dá bem em todas estas tarefas, ela ganha o direito de fazer tudo novamente no dia seguinte.

Para nossos leitores homens entenderem o mundo que uma jovem mãe vive, deve acompanhá-la ao consultório pediátrico. Depois de ficar sentada por cerca de 45 minutos com um bebê frenético e irritadiço ao seu lado, mamãe e bebê finalmente são conduzidos ao lugar do exame. O doutor verifica a criança doente e diz sem fazer ondas à mulher: “tenha certeza que ele ficará quietinho por quatro ou cinco dias. Não o deixe coçar o machucado. Certifique-se de que o remédio fique no lugar certo e não tire o olho dele.”

“Claro, óbvio, doutor! Alguma outra sugestão?”

“Mais uma. Esta é uma doença altamente contagiosa. Mantenha seus outros quarto filhos longe deste. Quero vê-lo novamente em uma semana.”

Algo surpreendente sobre mães é que elas fariam este trabalho com amor e graça. Deus as fez muito boas no que fazem. Ele as deu paixão pelas crianças. A maioria delas literalmente morreria para proteger as crianças confiadas aos seus cuidados. Apesar deste compromisso, no entanto, muitas mulheres admitem que criar meninos teve seu desafio peculiar. Como mencionamos antes, as mães sabem como é uma menininha cheia de babados, mas elas somente têm uma vaga noção do que seus filhos sentem, pensam e como se comportam. Os meninos são craques na desordem, em zoar com os parentes, fazer corridas dentro de casa e desafiar qualquer decisão que apareça em seu caminho.

Um de meus colegas, Dr. Tim Irwin, compartilhou sua observação que mulheres que não cresceram ao lado de irmãos homens são frequentemente surpreendidas pela pura fisicalidade dos meninos – por seus olhares, sons e cheiro que produzem. Algumas mulheres admitem ser completamente ignorantes em como lidar com eles. Uma óbvia sugestão é ajudar os meninos a gastar o excesso de suas energias os envolvendo em atividades de luta, riso, corrida, queda e grito que são aceitáveis. Futebol, caratê, pequenos torneios e futebol americano são algumas das alternativas. As mamães também precisam manter as mentes e mãos dos meninos ocupadas. Isso é tudo para o melhor de seus interesses. Meu pai uma vez disse ao meu enérgico pequeno filho, “se deixar o pequeno ficar entediado, você merecerá o que ele fará a você.” O padrasto de Shirley, que tem um sotaque de South Dakota, certa vez disse depois de trabalhar de babá cuidando de nossos filhos por uma semana: “Oh, minhas crianças... Você tem de mantê-las ao ar livre.” Bom conselho!

Há outra característica sobre meninos que eu aposto que você sabe. Eles não estão escutando a maior parte do tempo. Eles têm uma capacidade notável de ignorar algo que não os interessa. Homens adultos são assim também. Minha esposa não consegue entender como eu sou capaz de escrever um livro, inclusive este, e ao mesmo tempo estar antenado com o som da televisão no jogo de futebol americano. O fato é que eu não escrevo e assisto à televisão ao mesmo tempo, mas consigo desligar o som em minha mente por algum tempo até que eu opte por escutá-lo novamente, como quando um replay aparece na tela. Depois de assistir por um momento, eu volto minha atenção ao que estava fazendo. Este é um talento que deixa as mulheres loucas! Seus maridos podem ler um artigo em seus escritórios e perder tudo o que está sendo dito a um metro de distância. Uma senhora frustrada acendeu um fósforo na parte de baixo do jornal que estava sendo lido por seu marido, que finalmente prestou atenção nela, visto a chama que foi criada em sua frente. Ela disse que a única outra forma de tê-lo acordado seria ter dançado nua sobre a mesa de jantar. Na verdade eu não tenho certeza se isso teria funcionado.

Meninos têm a mesma habilidade de ignorar suas mães. Eles honestamente não ouvem as palavras que estão sendo colocadas em seus ouvidos. Esta é a razão pela qual eu recomendo que você, como mãe, fisicamente toque seu menino se quer chamar a atenção deles. Quando eles olharem para você, dê a eles sua mensagem em rajadas. Falarei mais sobre comunicação com meninos depois, mas por agora, eu quero discutir os vários marcos de desenvolvimento, começando pelo nascimento.

Nos capítulos anteriores nós tínhamos falado sobre o essencial papel que pais desempenham no desenvolvimento primário de seus filhos homens, mas as mães estão no mesmo barco. Não há forma alguma de exagerar a importância do que é chamado vínculo maternal, um relacionamento entre a mão e a criança de qualquer gênero. A qualidade deste relacionamento terá implicações a toda vida da criança e pode determinar vida ou morte. Mary Carlson, uma pesquisadora de Harvard Medical School, recentemente pesquisou em um orfanato romeno superlotado onde bebês são negligentemente colocados um sobre o outro em seus berços. A equipe de trabalho estava totalmente sobrecarregada e por isso, os bebês mal eram tocados, mesmo na hora de se alimentarem. O que realmente mexeu com Carlson foi o opressivo silêncio do berçário. Não havia choro, soluços, nem mesmo murmúrios. Quanto aos exames verificados em crianças de 2 anos de idade, Carlson notou que os bebês tinham uma incomum quantidade de hormônios de estresse no sangue chamado cortisol, que em grande quantidade é conhecido por prejudicar o cérebro. (Nós também mencionamos isso no capítulo 4.) O crescimento foi inibido e as crianças agiam conforme a metade de suas idades. Mesmo que elas consigam sobreviver, elas nunca se recuperarão completamente.

Mas quais são as implicações de circunstâncias menos trágicas onde a relação mãe-menino simplesmente falha em ganhar volume? Esta questão específica foi estudada em Harvard University. Pesquisadores encontraram que laços formados bem cedo são vitais. É inclusive relacionado às condições físicas de 40 ou 50 anos depois. Inacreditavelmente, 91% de universitários homens que disseram não ter curtido uma relação próxima com suas mães, desenvolveram uma doença na artéria coronária, hipertensão, úlceras no duodeno e alcoolismo na meia idade. Apenas 45% dos homens que se recordam da proximidade e calor materno tiveram problemas similares. Mais surpreendente ainda é o fato de 100% dos participantes no estudo cujos pais eram frios e distantes sofreram inúmeras doenças na meia idade. Em suma, a qualidade dos relacionamentos feitos bem cedo entre meninos e suas mães é um prognosticador poderoso de saúde para toda a vida psicológica e física. Quando determinadas necessidades não são encontradas na infância, o barco começa a afundar.

Dada a delicadeza da natureza infantil, talvez seja compreensível porque eu permaneço inalteravelmente contrário ao uso de instalações como creches, a menos que realmente não haja alternativa. As crianças podem parecer que estão lidando adequadamente com uma série de cuidados temporários, mas elas foram designadas a estar ligadas emocionalmente com um pai e uma mãe para se desenvolverem seguramente na proteção de seus braços. Esta crença foi raramente questionada nos últimos 5.000 anos, porém hoje muitas mulheres sentem que não existe outra opção além da de voltar ao seu trabalho o quanto antes depois do parto. Se você é uma delas, deixe-me respeitosamente e compassivelmente dizer que eu entendo as pressões financeiras e emocionais que você encara. Às novas mães, que possuem opção, eu intensamente recomendaria que você não cedesse seus bebês ao trabalho da assistência infantil. Muitos deles são pouco pagos, com pouco treinamento e não irão compartilhar seu compromisso irracional à criança.

Minha opinião sobre este assunto é baseada em dados reais. O National Institute of Child Health and Human Development (Instituto Nacional da Saúde da Criança e Desenvolvimento Humano) conduziu o estudo mais abrangente neste assunto. Mais de 1.100 mães e crianças em mais de 10 locais de assistência à infância (creches) ao redor dos EUA foram avaliadas quando elas tinham 6, 15, 24 e 36 meses de idade. Os resultados preliminares foram informados ao USA Today como segue:

Mães que trabalham preocupam-se de modo que se elas deixarem suas crianças e bebês ao cuidado de outros, o relacionamento delas com suas crianças será afetado. A notícia do governo federal diz que elas estão corretas em se preocupar. Longas horas gastas em lugares de assistência ao cuidado infantil nos primeiros três anos de idade tende a corresponder a uma interação menos positiva entre a mãe e a criança.
A criança também tende em interagir menos positivamente com a mãe. Em outras palavras, o relacionamento entre mãe e criança é afetado de alguma forma negativa por causa da experiência da assistência ao cuidado infantil, especialmente se a mãe tende por natureza ser insensível.

O dado informado acima foi submetido quando o estudo estava incompleto. Quando foi concluído, em 2001, os pesquisadores anunciaram que mais distúrbios foram encontrados. Eles disseram que crianças que gastavam a maior parte de seu tempo em creches, eram três vezes mais suscetíveis a exibir problemas comportamentais no jardim da infância do que os que eram cuidados especialmente pelas mães. Estes resultados foram baseados em avaliações das crianças por suas mães, que se preocupam com eles, como também pelos professores do jardim da infância. Há uma correlação direta entre a quantidade de tempo gasto em creche e características como agressão, desafio (insubmissão) e desobediência. Quanto mais tempo gasto nestes lugares fora de casa, maior os problemas comportamentais. Dr. Jay Belsky, um dos principais investigadores do estudo, disse que crianças que gastam mais de 30 horas por semana numa creche “exigem mais cuidado, não se conformam e são mais agressivas. Tais crianças estão mais presentes em brigas, cenas de crueldade, bullying (maus-tratos), maldade, e ainda falam muito.” Isto não é novidade para treze milhões de crianças pré-escolares, incluindo seis milhões de crianças e bebês, que estão em creches nos EUA.

Depois da inauguração deste estudo, houve um matiz e grito da comunidade liberal que nos disse por anos que crianças de fato prosperam melhor em centros de assistência à infância. Eles atacaram a metodologia do estudo e alegaram que os resultados eram inválidos. Alguns exigiram mais dinheiro federal para programas de assistência infantil de qualidade. Ninguém duvida que melhores opções de creches são necessárias aos pais que dependem disso. No entanto, eu creio ter uma melhor ideia: por que não reduzir os impostos para pais para que as mães façam o que elas desesperadamente querem, ficar em casa com suas crianças?

Em um estudo conduzido por Public Agenda (Agenda Pública), 70% das mães de crianças com menos de 5 anos queriam deixar de trabalhar. 71% disseram que a creche era a última opção. Quando questionadas que tipo de cuidado infantil seria melhor para suas crianças, 70% disseram que um dos pais presentes em casa era preferível. 14% disseram que ter os pais trabalhando em períodos diferentes é o melhor e 6% preferem um parente próximo. Apenas 6% disseram que uma creche de qualidade seria melhor. Deborah Wadsworth, presidenta da Public Agenda disse: “quando chega o momento de entregar a criança para outro adulto que eles não conhecem, eles são tomados pela ansiedade.”

O que isso significa para a política pública? Deixe-me dizer isso mais uma vez. O congresso dos EUA deveria providenciar créditos no imposto e outros incentivos econômicos para as mães (ou pais) que escolhessem permanecer em casa. Por que eles não chegaram a esta decisão? Porque eles querem as receitas fiscais provenientes de famílias com dois pagantes do imposto e porque são excessivamente pressionados por feministas e outros que querem todas as vantagens de ser uma mãe com trabalho. É hora de equilibrar os pratos da balança. Não sou um antipático à mãe que trabalha que luta poderosamente para fazer o que é chamado de “dever duplo.” Ela precisa de nosso amor e respeito também. Muitas mães estão ativas no mercado de trabalho porque elas sentem que não há alternativa financeira.

Quando nossa primeira filha tinha 2 anos de idade, eu estava terminando meu trabalho de doutorado na University of Southern California. Cada moeda disponível era necessária para manter minha matrícula e despesas do curso. Embora nós não quiséssemos que Shirley trabalhasse quando Danae era jovem, nós sentimos que não tínhamos outra alternativa. Shirley foi ensinar em uma escola e nossa garotinha ia para uma creche toda manhã. Certo dia, quando chegamos à facilidade, Danae começou a chorar incontrolavelmente: “Não! Não! Não papai,” ela disse pra mim. Ela agarrou em meu pescoço enquanto a levava em direção à porta e me pediu para não ir embora. Crianças nesta idade geralmente não gostam de ser deixadas por seus pais, mas isso era algo diferente. Danae tinha um olhar de terror em seus olhos e eu suspeitei que tinha ficado muito triste na última vez que lá esteve. Eu apenas pude imaginar o que houvera ocorrido. Eu levei minha preciosidade para o carro junto comigo. Quando nós estávamos a sós eu disse: “eu prometo que você nunca mais terá de ficar lá outra vez.” E ela nunca ficou.

Shirley e eu conversamos sobre como nós manteríamos a promessa que fiz. Nós finalmente decidimos vender e “comer” um de nossos dois Volkswagens. Isto proporcionou que ela pudesse ficar em casa e tomar conta de nossa filha por um ano. Quando o dinheiro acabou, eu estava fora da escola e podia providenciar que Shirley fosse uma mãe de tempo integral. Não são todos que conseguem fazer o que fizemos, e certamente, há milhões de pais solteiros que não têm alternativa. Se este é o seu caso, você tem de tirar o melhor disso. Se um parente ou amigo puder ficar com sua criança durante o dia, isso é melhor que a creche. O que é necessário é continuado na relação entre uma criança e aquele que providencia o cuidado diário.

O resultado final de muitos estudos sobre a infância e a primeira fase de desenvolvimento da criança é coerente: bebês têm várias necessidades emotivas essenciais. Entre eles estão o toque, conexão, permanência, afeição e confiança. Eu sinto dores pelas muitas crianças negligenciadas e abusadas, cujas necessidades são tragicamente ignoradas. Não há nada mais triste na vida que uma criança não amada ou que se sinta não amada. Às vezes eu desejo que essas crianças nascessem com um sinal em seus pescoços: cuidado! Maneje com cautela! Ame-me. Proteja-me! Dê-me um lugar em seu coração.”


James C. Dobson, Ph.D.
Chaiman e fundador

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