segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Quem é Jesus Cristo?

Por Marcelo Berti

É evidente que Jesus foi um grande homem e Sua história, assim como apresentada nas sagradas escrituras, testificam claramente que Jesus certamente é o homem mais importante que já existiu. Entretanto, também é verdade que muitas pessoas reconhecem que Jesus tenha existido, mas o consideram como um simples homem, ou até mesmo, como um líder, um professor, um mestre moral. Mas, quem de fato é Jesus Cristo?

Outras pessoas  poderiam dizer que Jesus nem foi uma pessoal real, afinal, dizem que os únicos relatos que falam sobre ele estão na Bíblia. Mas, será isso verdade? Será que não existem nenhum tipo de relato sobre quem Jesus é que não esteja na Bíblia ou nos escritos dos seus seguidores?

Para responder a essas duas perguntas, vamos observar o que podemos encontrar nas obras históricas e verificar o que se diz sobre Jesus e o que podemos aprender sobre ele, afinal, devemos lembrar os desavisados que Jesus Cristo é atestado como figura histórica por alguns autores não cristãos dos primeiros séculos.



1. O que dizem os historiadores antigos?

Antigos historiadores apresentam alguns detalhes sobre quem Jesus foi, e aqui vamos citar dois homens que são reconhecidos por suas obras: Taciano e Josefo. Esses dois autores atestam a existência de Jesus e sobre Ele fala coisas interessantes, observe, o que lemos em Tácito:
Cristo, que deu origem ao termo cristão, foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tiberíades; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judéia, onde o problema teve início, mas também em toda a cidade de Roma.
Tácito foi um historiador Romano do primeiro século e é considerado uma excelente fonte histórica do primeiro século. Nessa citação, Tácito estava falando sobre o grande incêndio de Roma que Nero culpou os cristãos como desculpa para iniciar sua perseguição contra os cristãos. Para explicar quem eram os cristãos, Tácito apresenta a pessoa de Cristo a partir da mais importante informação sobre sua vida: Sua morte. É interessante a similaridade entre as informações apresentadas sobre Cristo aqui e nos evangelhos, que comumente atribuem a Pôncio Pilatos como responsável pela morte de Cristo. Entretanto, Tácito não é o único historiador que poderia ser lembrado, afinal sobre Ele Josefo atesta:
Por essa época surgiu Jesus, um homem sábio, se é que é correto chamá-lo de homem, pois operava obras maravilhosas, um professor de homens que recebem a verdade com prazer. Ele atraiu para si muitos gentios e judeus e foi considerado como Cristo. E quando Pilatos, por sugestão dos principais homens entre nós, condenou-o à cruz, aqueles que o amavam a princípio não o abandonaram, pois ele lhes apareceu vivo novamente no terceiro dia, porque os divinos profetas tinham predito estas e muitas outras coisas maravilhosas a respeito dele, e da seita dos cristãos, assim chamada por ele, não está extinta até este dia (Antiguidades 28.33).
Esse texto é um excelente testemunho da vida e morte de Jesus Cristo, que foi conhecido nos tempos de Josefo como homem sábio e de tal modo virtuoso que até mesmo esse escritor considera a possibilidade de não ser ele um simples homem, afinal realizava feitos extraordinários. Também é interessante que Josefo também atribua a Pilatos a responsabilidade pela morte de Cristo. É importante que se diga que muitos críticos de Josefo o chamam de mentiroso inveterado (cf. Harold Bloom) e com isso desconsideram o que o mesmo afirma sobre Cristo.

2. O que dizem outros autores antigos?

Devemos lembrar que outros autores escrevendo sobre diversos temas, resolveram incluir em suas colocações detalhes sobre quem foi Jesus Cristo. Um desses documentos que fala sobre a existência de seguidores de Cristo é encontrada nas cartas trocadas por Plínio, o jovem, um oficial do Império Romano e o Imperador Trajano. Na carta que Plínio escreve a Trajano, ele apresenta os costumes dos cristãos que tinham “o costume de se reunir antes do amanhecer num certo dia, quando então cantavam responsivamente os versos de um hino a Cristo, tratando-o como Deus” (Epístoloas 10.96). É muito interessante a percepção de Plínio aqui, pois segundo seu registro os cristãos cantavam a Jesus Cristo e o consideravam como Deus, um testemunho similar ao encontrado em Justino Mártir, (Apologia Prima, p.67):
E no dia chamado domingo, todos os que vivem nas cidades ou no campo se reúnem em um só lugar, e as memórias dos Apóstolos ou os escritos dos apóstolos são lidos, tanto quanto o tempo nos permitir. Quando o leitor cessa, a pessoa que preside instrui verbalmente e encoraja na imitação dessas coisas boas. Todos se levantam e oram; quando a oração é encerrada, pão e vinho são trazidos e a pessoa que preside ora e agradece e a congregação diz Amém!
De modo similar, também atestou:
Nosso mestre nessas coisas é Jesus Cristo, que também nasceu para esse propósito e foi crucificado debaixo de Pôncio Pilatos, procurador da Judéia, nos tempos de Tibério César; nós o adorávamos racionalmente, tendo aprendido que ele mesmo é o Filho do Deus Verdadeiro e considerando-o no segundo lugar, e o Espírito profético no terceiro (1 Apologia 12-13).
Muito embora o segundo autor citado aqui seja um cristão, a declaração de Plínio é consistente com as declarações de Justino, afinal Plínio diz que os cristãos se reuniam em um dia específico e Justino nos lembra que esse dia era o domingo. Plínio fala sobre a adoração de Cristo, e Justino confirma por dizer que tal ação é feita racionalmente. Mas, é importante lembrar que existem outras fontes que falam sobre ele, como por exemplo alguns escritos judaicos. No Talmud, por exemplo, encontramos a seguinte declaração:
Na véspera da Páscoa eles penduraram Yeshu (…) e [como] ninguém veio em sua defesa ele foi pendurado na véspera da Páscoa (Mishiná, Sanhedrin.43a)
Essa declaração é interessante pois o Novo Testamento fala sobre sua crucificação antes da Páscoa, e é impressionante que um documento judeu do mesmo período tenha confirmado até mesmo esse detalhe, que entendemos ser crucial.

Também é possível encontrar outras declarações sobre a existência de Cristo em um autor chamado Luciano de Samosata, um autor grego do segundo século, que em sua obra conhecida como Death of pelegrine afirma:
Os cristãos, como sabes, adoram um homem até hoje – o personagem distinto que introduziu seus rituais insólitos e por isso foi crucificado.
É interesante que tal autor opte por chamar a morte de Cristo por crucificação, afinal ele não tem qualquer necessidade de defender a que tipo de morte o objeto de suas críticas morreu. Quando atesta que Cristo morreu por meio da crucificação, Luciano concorda com as escrituras que afirmam o mesmo. Um testemunho histórico também interessante se encontra em um autor chamado Mara Bar-Serapião que escreve para seu filho Serapião:
Que vantagem os atenienses obtiveram em condenar Sócrates à morte? Fome e peste lhes sobrevieram como castigo pelo crime que cometeram. Que vantagem os habitantes de Samos obtiveram ao por fogo em Pitágoras? Logo depois sua terra ficou coberta de areia? Que vantagem os judeus obtiveram com a execução de seu sábio rei? Foi logo após esse acontecimento que o reino dos judeus foi aniquilado. Com justiça Deus vingou a morte desses três sábios: os atenienses morreram de fome; os habitantes de Samos foram surpreendidos pelo mar; os judeus arruinados foram expulsos de sua terra e vivem completamente dispersos. Mas Sócrates não está morto; ele sobrevive aos ensinos de Platão. Pitágoras não está morto; ele sobrevive na estátua de Hera. Nem o sábio rei está morto; ele sobrevive nos ensinos que deixou (Manuscritos Siríacos).
Nessa citação Mara Bar-Serapião simplesmente confirmou três alegações das escrituras: (1) Jesus era considerado um rei sábio; (2) que foi condenado à morte pelos judeus e que (3) continuou vivo nos ensinamentos de seus seguidores. Note que tal autor não precisaria defender a Jesus Cristo, mas ao colocá-lo em comparação com dois outros personagens históricos significativos, temos por certo que na visão de Mara Bar-Serapião Jesus certamente foi um personagem histórico.

Além dessas breves citações de judeus, gentios, gregos não cristãos, devemos lembrar que muitas pessoas se consideraram Seus seguidores e sobre Ele escreviam. Por exemplo, os gnósticos escreveram tratados sobre Cristo; os livros apócrifos falando sobre sua vida e morte, fora ainda outras cartas e documentos que sobrevivem nos escritos dos Pais da Igreja. Entretanto, o que gostaríamos de mostrar até aqui é que Jesus de fato existiu e que detalhes gerais de sua vida tais como descritos pelos apóstolos são atestados por fontes não cristãs.

Portanto, devemos concordar com o texto que citamos no início, que Jesus é o homem que existiu, e se ele é quem diz ser, Ele é a o homem mais importante que já existiu. Como vimos, até mesmo não cristãos o consideraram como homem histórico, por isso a pergunta que você deve fazer é: Ele era apenas um simples homem? Era um sábio apenas? Um rei? Quem é Jesus?

O que parece, diante dessas evidências, é que não há dúvidas quanto a sua existência ou sua humanidade. Parece consenso entre muitos que Jesus de fato viveu na Palestina durante as três primeiras décadas do nosso calendário. Mas, quem é Ele?

3. O que dizem seus seguidores?

Contudo, seria sábio começar essa pesquisa orientando-se para aquele que estiveram próximos a Jesus durante seu ministério público.  Vamos observar algumas afirmações sobre Jesus:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” Jo.1.1-3

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poderHb.1.1-4

Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;  pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste” – Cl.1.15-17
porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” – Cl.2.9
“aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” – Tt.2.13
Aqui as declarações são bem diferentes da anteriores. A visão daqueles que viveram na mesma época que Jesus o veem com outros olhos. Ao que se percebe, parece consenso entre eles que Jesus seja considerado como Deus. Cada escritor definiu com seus próprios termos, mas apontaram ao mesmo fato. O que torna Jesus diferente de qualquer outro “líder espiritual” é que Ele mesmo é Deus.

4. O que Ele mesmo disse a Seu respeito?

Talvez você seja bem crítico e esteja pensado: “Muito bom. Mas todas as afirmações são de terceiro. Jesus nunca fez qualquer declaração sobre esse assunto. Ele jamais quis levar esse título”. A princípio posso concordar com você. Nenhuma das afirmações foram feitas por Ele, mas isso não garante a validade do argumento. Nenhum dos nossos políticos se autodenominam corruptos, embora muitos deles seja. Contudo, esse não é o caso com Jesus, pois Ele mesmo fez essas declarações. Observe:
a fim de que todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou” – Jo.5.23
Onde está teu Pai? Respondeu Jesus: Não me conheceis a mim nem a meu Pai; se conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai” – Jo.8.29
E quem me vê a mim vê aquele que me enviou” – Jo.12.45
A identificação de Jesus, entre o Filho (ele mesmo) e o Pai (Deus) é muito clara. É baseado nessa unidade essencial que Ele afirma: “Eu e o Pai somos um” (Jo.10.31). Quem conhece a Jesus, conhece a Deus que o enviou. É muito claro e específico. Mas talvez isso não seja suficiente. Então observe suas Obras:
Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados – disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.. Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!” – Mc.2.3-12
É interessantíssmo esse diálogo. Alguns na tentativa de minizar a afirmação do Senhor Jesus Cristo aqui, sugerem que Jesus não está em hipótese nenhuma se igualando a Deus. Contudo, vamos usar uma ilustração interessante aqui:
Suponha que Alex tenha agredido a Fernando na presença de Marcos. O ofendido nessa situação certamente é o Fernando, e portanto, somente o Fernando pode perdoar. Por outro lado, apenas Alex é culpado da agressão, afinal, Marcos nada fez a Fernando. Ou seja, a única pessoa que deveria pedir perdão seria Alex. Contudo, se Alex pedir perdão para Marcos, nada adiantará, afinal ele não foi ofendido. Da mesma forma, Marcos não pode oferecer perdão a Alex por não ser ele o ofendido. Ou seja, o perdão só pode ser oferecido por Fernando para Alex, e Alex só pode solicitar o perdão a Fernando, a quem ele ofendeu.
Nossa situação com Deus é similar, pois nossos pecados são ofensas realizadas contra Deus. Ou seja, apenas Deus pode oferecer perdão para nossos pecados, pois apenas ele foi ofendido com nossa conduta equivocada. Ou seja, quando Jesus afirma que tem autoridade (poder) para perdoar os pecados, Ele está dizendo em outras palavras, que as ofensas cometidas contra Deus, também foram cometidas contra Ele, e que podem ser removidas por sua autoridade. Aqui Jesus claramente se autodenomina Deus.
Agora, se ainda assim você acredita que Jesus não declarou-se como Deus, observe:
“E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus” – Mt.4.6-7
A primeira observação que temos que fazer aqui é que Satanás estava tentando a Jesus Cristo, e disso não temos qualquer dúvida, e todas as vezes que fora tentado pelo Inimigo, Jesus sempre recitou as escrituras. Em segundo lugar, na ocasião descrita acima, Jesus respode a Satanás com as escritras e afirma que não se deve tentar o SENHOR o teu Deus. A citação de Jesus provém de Dt.6.16 que usa o termo YHWH para descrever a pessoa de Deus. O termo SENHOR usado aqui refere-se ao próprio Deus. Contudo, Satanás não esta a tentar a Deus, mas está tentando a Cristo. Portanto, fica evidente que Jesus tinha plena consiciência de quem era: E na sua visão Ele era Deus.
Diante disso, temos que admitir ao menos duas coisa: (1) Como pessoal real, Jesus pode ser chamado de histórico e não lendário; (2) Se Ele é quem diz ser, Ele é a pessoa mais importante que já existiu e chama sua atenção para o fato de quem Ele realmente é: Jesus é Deus Salvador.

Fonte: Teologando

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