quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Palavras de paixão: uma necessidade da vida conjugal

Por T. Zambelli

Quando entro em grandes livrarias percebo que não falta livro que o foco do conteúdo seja sobre comunicação. Existem várias subcategorias desta área. No que envolve dinheiro temos marketing, publicidade, comércio, pequenos e grandes negócios ou empresas, etc; no que envolve línguas temos cursos de libra, braille, línguas estrangeiras, cursos que demandam 30 dias, até gramáticas de línguas extintas; no que tange a família, vemos livros para namorados, noivos, pais, filhos, netos, primos, avós e especialmente cônjuges.

Apesar da grande quantidade de informações à disposição de todos, a comunicação ainda é uma grande barreira a ser superada em diversas áreas, em especial eu destaco a conjugal. Apesar de pouco tempo de casado, seis anos, tenho notado através de experiências pessoais e interpessoais, bem como através de muita leitura, que a comunicação ainda é um assunto muito delicado e pouco bem vivenciado por grande parte das pessoas, especialmente as jovens. Uma mal comunicação reflete em negligência na educação dos filhos, na administração das finanças, no tempo de descanso, nos bens de consumo, e principalmente numa área bastante delicada: a intimidade do casal entre quatro paredes.

Não falo sobre sexo e comunicação como alguém que acredita que já dominou o assunto. Acho que eu ainda posso me incluir no grupo que eu categorizo como jovem e, sendo um, vivo as experiências da minha maturidade. Todavia, a despeito de meu tropeços, acredito ter encontrado a fonte da verdade, fundamento de meus estudos e minha vida. Falo como alguém que tem o desejo de crescer e inspirar crescimento aos que estão ao meu redor.

Nesta perspectiva, comento brevemente sobre o livro de Cantares (ou Cântico dos cânticos), uma clara lição de que comunicação e sexo estão intimamente ligados (1).

Cantares ou Cântico dos Cânticos foi escrito pelo terceiro rei de Israel, Salomão (1.1). O livro é considerado uma coletânea de canções em torno do tema amor humano. Nas palavras do teólogo Carlos Osvaldo Pinto,
ainda que erótico em algumas partes, o Cântico dos Cânticos nunca é vulgar ou grosseiro em sua linguagem. Sua sexualidade é clara, mas não explícita; é exposta, mas dignificada; é cativanete, mas tímida. Contribui para o amor ao invés de ser seu centro. Assim, o Cântico contribui para a revelação de Deus ao exaltar o tipo de amor que segue o padrão criativo de Deus e evita aquelas distorções das quais a própria Escritura dá amplo testemunho (2).
Um propósito, dentre os vários do livro, mesmo que considerado por alguns menor, é o grande valor dado por Salomão às corretas palavras que valorizam o verdadeiro amor de um homem e uma mulher apaixonados. Este amor é temperado com duas e indubitáveis características: comunicação e criatividade. O livro de Cantares seguramente nos ensina que palavras que refletem a pura paixão e o desejo humano de se relacionar com seu cônjuge, cultiva o relacionamento que Deus quer que tenhamos conjugalmente.

São diversas as expressões hebraicas que lisonjeiam o noivo ou a noiva. Ambos dizem expressões carregadíssimas de sensualidade e ousadia, mas sem negligenciar o respeito. É fato que essas expressões, se repetidas hoje, poderiam tornar-se motivo de piada ou causar sérios danos no relacionamento dos apaixonados. Dizer à sua esposa que ela se compara às éguas dos carros do Faraó (1.9) seguramente não soará como um elogio, como há 3.000 anos no Oriente Médio Antigo. Porém, esta licão de Cantares em um mundo em que perversões praticamente se tornaram a norma, mostra ao homem e a mulher a necessidade de se comunicarem também com expressões de paixão ardente para o desenvolvimento do relacionamento entre um homem e uma mulher.

Quando foi a última vez que você fez um elogio apaixonado para sua mulher ou seu marido? Que tal, neste semana, você começar a "cantar" a sua esposa ou seu maridomcom os mais altos e verdadeiros elogios sobre suas qualidades? Que tal você evidenciar a maneira pela qual ela ou ele lhe provoca?

O relacionamento conjugal, um homem e uma mulher (uma só carne; Gn 2.23), foi idealizado por Deus. Nada melhor do que observar a Sua Palavra para entendermos ainda mais e melhor a maneira como Ele, desde o princípio, quer que nós vivamos.


Este post foi inspirado no capítulo "A Linguagem do Romance" do livro (1).
(1)  Sexo Romance e a Glória de Deus, CPaD, 2006, p.52.
(2) Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento, Hagnos, 2006, p.580.

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